domingo, novembro 30, 2008

Baiana, negra, ganhou Prêmio Jovem Cientista 2007



J
ovem, negra, egressa de escola pública, Sheila Regina dos Santos Pereira, de 27 anos, está entre os 10% de afro-descendentes com formação superior completa antes dos 30 anos. Ela é ganhadora do Prêmio Jovem Cientista 2007, na categoria graduado. A conquista é inédita em Salvador.
Assistente pedagógica do Instituto Cultural Steve Biko (ICSB) e ex-aluna do pré-vestibular da entidade, Sheila é formada em Estatística pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), desde o ano passado. Dentro do tema Educação Para Reduzir as Desigualdades Sociais, ela venceu o prêmio com o projeto de pesquisa Oguntec: uma experiência de ação afirmativa no fomento à iniciação científica. Como primeiro lugar, ela vai recebeu R$ 20 mil, entregues pelo presidente Lula, em cerimônia no dia 27 de novembro, no Palácio do Planalto. O destino do dinheiro tem endereço certo para Sheila: “A maior parte, uns 90%, vou doar para o Instituto Steve Biko investir em projetos“. O restante vai para investimento pessoal. A pesquisadora pretende continuar trabalhando em cima do projeto vencedor e já vislumbra entrar no mestrado em estatística aplicada para ciências humanas, principalmente educação.
Leia mais sobre os demais vencedores aqui.

Para 2009 o tema é: "Energia e Meio Ambiente - soluções para o futuro", com inscrições até 31/07/2009. Saiba mais aqui.

Fonte: A Tarde

quarta-feira, novembro 26, 2008

A INCONCIÊNCIA É BRANCA



Dia da Consciência negra. Muitos, porém, têm dificuldade de entender o que significa esse conceito intrigante.

Para quem nunca sofreu discriminação devido à própria aparência física, é difícil entender essa consciência que os negros precisam ter de que, via de regra, a vida deles é pior devido à cor das próprias peles, ao tipo de cabelo que têm e aos traços de seus próprios rostos.

É por isso que se vê dados como o divulgado ontem pelo jornal Folha de São Paulo, de que, em São Paulo, os negros ganham salários bem menores do que os dos brancos.

É preciso que os negros tenham consciência disso tanto quanto os brancos, ainda via de regra, são inconscientes dessa realidade.

Os principais indicadores sociais dos negros (Saúde, Educação, nível de renda, mortalidade infantil, saneamento básico) mostram que a vida deles é bem pior do que a dos brancos.

Para superar esse abismo social que separa os negros e descendentes de negros (que têm visíveis os traços físicos da própria etnia) dos brancos, é preciso que essas vítimas do preconceito enrustido saibam que são discriminadas.

Mas como é possível que os que sofrem tal discriminação não saibam que são discriminados? É possível, porque os que discriminam hoje no Brasil dizem que não fazem o que fazem, que é tudo paranóia dos afro-brasileiros.

Em síntese, a estratégia dos racistas brasileiros é a de dizer que os indicadores sociais dos negros são todos piores por culpa deles mesmos. Atribui-se a uma suposta indolência dos negros a razão de sua miséria social.

Consciência negra é isso, é perceber que o racismo existe no Brasil e que é muito atuante. De forma que, para superá-lo, os negros precisam se organizar e reivindicar leis para se protegerem da discriminação tácita de que são vítimas cotidianamente.

Se você é branco e não se acha vítima de ímpetos racistas, é bom que preste atenção na forma como se relaciona com os negros. O preconceito é muito arraigado em nossa sociedade, sobretudo no Sul e no Sudeste do país. Muitas vezes não nos damos conta de comportamentos impróprios.

No dia em que os pais brancos de classes sociais mais altas pararem de se horrorizar diante da hipótese de seus filhos lhes gerarem netos mestiços, no dia em que brancos ricos pararem de criticar o “nível” de certos ambientes (sejam escolares ou de lazer) freqüentados por negros, nesse dia os brancos também terão consciência.

Como a inconsciência ainda é branca, a consciência deve ser negra. Com a ajuda de todos os brancos conscientes, é claro.

Não me direi à prova de erros, mas posso dizer que faço o possível para ser consciente, e que faço isso me policiando, prestando atenção para ver se não digo uma coisa e faço outra. Racismo se combate todo dia, o tempo todo. Pelo menos enquanto for tão grande tanto por aqui quanto é no resto do mundo.


Escrito por Eduardo Guimarães