sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Folha e os “cães de guarda” da ditadura



Durante uma década e meia, a Folha ficou sob o comando da direita golpista e muitos dos seus jornalistas ocuparam cargos na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo
O editorial da Folha de S.Paulo da semana passada, que qualificou a sanguinária ditadura militar brasileira de “ditabranda”, foi um tiro no pé. Em pleno carnaval, serviu para tirar sua fantasia de jornal eclético e plural, que até hoje engana alguns ingênuos. A balela publicitária de que a Folha “tem o rabo preso com o leitor” foi para o esgoto. Em poucos dias, dois mil leitores indignados assinaram um manifesto de repúdio ao jornal. Eduardo Guimarães, do blog Cidadania, já propõe realizar um ato de protesto em frente ao prédio do Grupo Folhas, na Rua Barão de Limeira. Da própria redação, o jornalista Fernando de Barros e Silva resolveu se indignar - infelizmente, a maioria mantém o silêncio cúmplice: “Certamente não é a primeira vez que um colunista da casa diverge da posição expressa pelo jornal em editorial. Mas é a primeira vez que este colunista se sente compelido a tornar pública sua discordância... O mundo mudou um bocado, mas ‘ditabranda’ é demais. O argumento de que, comparada a outras instaladas na América Latina, a ditadura brasileira apresentou ‘níveis baixos de violência política e institucional’ parece servir, hoje, para atenuar a percepção dos danos daquele regime de exceção”. Indignação e silêncio cúmplice “Algumas matam mais, outras menos, mas toda ditadura é igualmente repugnante... Se é verdade que o aparelho repressivo brasileiro produziu menos vítimas do que o chileno e o argentino, isso se deu porque a esquerda armada daqui era menos organizada e foi mais facilmente dizimada, não porque nossos militares tenham sido ‘brandos’. Quando a tortura se transforma em política de Estado, como de fato ocorreu após o AI-5, o que se tem é a ‘ditadura escancarada’, para falar como Elio Gaspari”, reagiu o editor de política da Folha na sua coluna desta terça-feira, dia 24. É certo que Fernando de Barros dá uma no cravo e outra na ferradura, enfatizando sua concepção liberal. Democracia política sim; democracia social, nem tanto. Como ele registra, o seu protesto se dá “em nome do que aprendi durante 20 anos de Folha”. Demarcando com os que aderiram ao manifesto de repúdio, ele ataca gratuitamente Cuba, Venezuela e “os figurões e as figurinhas da esquerda nativa” com a sua “retórica igualitária” – por ironia, o mesmo argumento utilizado pela ditadura para não ser nada branca no Brasil. Apesar deste escorregão liberal, entretanto, ele pelo menos resolveu se indignar com o odioso editorial da Folha. Melhor do que o silêncio cúmplice. “O diário oficial da Oban” Na onda de repúdio à postura fascistóide da Folha também ressurge sua história sinistra. O livro de Beatriz Kushnir, “Cães de guarda”, renegado pelos resenhistas quando foi lançado em 2004, agora aparece como uma obra indispensável para se entender as íntimas ligações da mídia com o regime militar. Com 404 páginas, ela é resultado da tese de doutorado da historiadora carioca e foi aprovada com louvor na Unicamp. Com base em documentos oficiais e entrevistas, Kushnir prova o “colaboracionismo” dos veículos privados e de muitos jornalistas, que se tornaram “cães de guarda” da ditadura, encobrindo seus crimes e justificando o seu projeto político-econômico. A autora dedica longo capítulo à Folha de Tarde, o principal jornal da Famíglia Frias nos anos de chumbo da repressão. Editado na época por Antonio Aggio, que depois foi assessorar o senador Romeu Tuma, ex-chefe da Polícia Federal, o jornal virou “o diário oficial da Oban” – a Operação Bandeirantes, que torturou e assassinou vários patriotas. Ele desqualificou os que lutaram contra a ditadura – Lamarca era rotulado de “louco” –; ignorou a morte do jornalista Wladimir Herzog; não deu destaque à prisão de Frei Betto, que fora da sua equipe de reportagem; e transmitiu a versão oficial sobre mortos e desaparecidos – como o do ex-metalúrgico Joaquim Seixas. A mudança tática do discurso Durante uma década e meia, a Folha ficou sob o comando da direita golpista e muitos dos seus jornalistas ocuparam cargos na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Tanto que passou a ser ironizada como o jornal de “maior tiragem” devido à forte presença de “tiras” (policiais) na redação. Com o fim do regime militar, a Folha da Tarde entrou em declínio e faliu; seu lugar foi ocupado pela Folha de S.Paulo. A famíglia Frias tentou esconder seu passado sujo e reciclar seu discurso. Numa entrevista ao jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Kushnir afirma que esta mudança foi tática – a empresa nunca abandonou suas posições de direita. “Em 1977, o Boris Casoy assumiu a redação da Folha. São tirados todos os nomes dos Frias do expediente, que só vão ser recolocados no jornal em 1984, na época das Diretas. É toda uma jogada de marketing da Folha. Se você repensar hoje o Projeto Folha, ela está muito longe de qualquer análise que diga: ali tínhamos uma redação neutra. Mas as pessoas continuam lendo o projeto Folha como isso. Como um momento em que a Folha vai sair de tudo isso como se nada desse passado tivesse a ver com a família Frias, e vai entrar limpar para a história nesse momento de redemocratização do país, o que não é verdade”. Agora, com o editorial da “ditabranda”, a Folha retoma sua verdadeira história e tira a máscara!

Por:Altamiro Borges

terça-feira, fevereiro 10, 2009

A dança do PSDB um dia acaba...

Completaram-se recentemente 20 anos de existência do PSDB. O partido foi fundado numa convenção de 109 políticos de várias partes do país – entre eles, Mário Covas, Franco Montoro, FHC, Ruth Cardoso, Célio de Castro, Artur da Távola, José Serra e Renan Calheiros.

Com hoje seis Estados governados por tucanos (São Paulo, Rio Grande do Sul, Alagoas, Paraíba, Roraima e Minas), o partido auto-intitulado da "social-democracia brasileira" reuniu-se então no Congresso Nacional... para comemorar o aniversário...

Ou... Será que foi para tentar resolver as várias crises que estão manchando sua história, com períodos de escândalos já suficientemente imundos?

Alguma dúvida? Então vamos acompanhar cada um dos seis governadores tucanos atualmente no poder:

Em São Paulo: as polícias suíça e francesa investigam pagamento de propinas milionárias a tucanos paulistas pela multinacional Alstom, a fim de garantir contratos caros e bastante lucrativos no Estado, em 1997. Entre esses contratos, hidrelétricas e metrôs. O valor das propinas superaria 5 milhões de dólares. Sim, milhões, e de dólares. Só pela propina. Pelo menos um ex-presidente da CESP (Companhia Energética de São Paulo) já admitiu ter recebido US$ 1,4 milhão da Alstom. Pelo menos
dois doleiros foram usados para intermediar as transferências para os políticos tucanos, segundo as investigações. Quem governava o Estado à época era Mário Covas e seu vice era Geraldo Alckmin.

Alckmin, que já foi governador de São Paulo e candidato à presidência da República pelo PSDB, agora quer ser prefeito da capital paulista. Durante seu governo, houve um escândalo significativo: o desvio de dinheiro da
Nossa Caixa para aliados de Alckmin na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Essa mesma Assembléia, controlada por 71 (dos 94 deputados, ao todo) políticos tucanos ou aliados, decidiu barrar as investigações sobre o caso Alstom, em CPI sobre irregularidades na privatização da Eletropaulo (que também ocorreu no governo de Covas). Barrou não só uma, mas duas vezes. E não só barrou a CPI, também impediu a convocação de ex-administradores envolvidos no escândalo e a requisição dos documentos das investigações na Suíça e França. Uma audiência pública marcada para o último dia 18 foi cancelada, sem previsões de acontecer algum dia.

Surpreendente? Nada! O
Congresso em Foco revela que, das cinco CPIs em andamento na Assembléia de São Paulo, só uma – a da Eletropaulo – diz respeito a uma gestão tucana. Além dela, 72 pedidos de abertura de CPI foram simplesmente engavetados, só entre 2003 e 2006 (governo Alckmin). Entre as CPIs engavetadas, estão as da Nossa Caixa e do acidente na linha 4 do Metrô, que matou sete pessoas e desabrigou 230. Ah, sim: desde sua criação, em 1988, o PSDB foi o partido que ocupou mais tempo o governo paulista. Os tucanos estão na administração de São Paulo desde 1995, ou há 13 dos seus 20 anos de vida.

Na cidade paulista de Praia Grande, o prefeito tucano Alberto Mourão é acusado na
Operação Santa Tereza (mais conhecida por enlamear o pedetista Paulinho da Força) de participação no desvio de recursos do BNDES.

No Rio Grande do Sul: a primeira tucana que governa o Estado gaúcho (desde 1988, quatro peemedebistas, um pedetista e um petista já tinham governado o RS), Yeda Crusius enfrenta uma crise enorme em um ano e meio de governo e já sofre ameaça de impeachment. Uma CPI montada pelos adversários políticos da tucana (lá é o oposto do cenário paulista: Yeda tem 23 aliados numa Assembléia de 55 deputados) vem investigando desvio de R$ 44 milhões do Detran. Seu próprio vice divulgou conversa em que o chefe da Casa Civil admitia uso de estatais para financiar campanha. Tucanos da alta cúpula caíram. O Estado está no vermelho e protestos pipocam freqüentemente exigindo a queda da governadora.

Dificilmente os gaúchos voltarão a votar num tucano.

Em Alagoas: o governador
Teotônio Vilela Filho foi acusado só por formação de quadrilha, peculato e corrupção passiva no escândalo desbaratado durante a "Operação Navalha", da PF. A denúncia contra ele e mais 60 pessoas foi apresentada pelo Ministério Público em maio deste ano. A Polícia Federal registrou encontros entre ele e Zuleido Veras, dono da Gautama e pivô da máfia das obras.

Além disso, o número de homicídios no Estado aumentou em 47,8%: o número passou de 550 em 2006 para 813 em 2007. Isso pode ter a ver com a greve dos PMs, uma das várias que marcou a gestão, que anulou reajustes salariais e deixou os trabalhadores inconformados.

Na Paraíba: o governador Cássio Cunha Lima foi cassado pelo TRE em julho do ano passado, depois liminar do TSE anulou cassação, depois, em dezembro, foi cassado pelo TRE de novo (sob outra acusação), depois outra liminar do TSE anulou a cassação. Ou seja: ele se mantém no governo, há quase um ano, na base das liminares. Isso porque, segundo o TRE, entre outras atitudes de auto-promoção, o governador tucano distribuiu 35 mil cheques para a população em época de eleição – sem qualquer lei de assistência social que regulamentasse isso. Abusou
só um pouquinho do poder, né?

Em Roraima: o governador José de Anchieta Júnior, que
apareceu bastante nos jornais por causa dos conflitos para demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, quase foi cassado com menos de uma semana no poder. Ele assumiu o lugar do também tucano Ottomar Pinto, morto no fim de 2007, e os dois foram acusados pelo TRE de abusarem da máquina administrativa para se elegerem em 2006.

Ah, claro, faltou Minas! Mas o Aécio é figurinha fácil aqui no Tamos com Raiva e na NovaE, certo? Caso não se lembrem, o
último post foi há menos de um mês e o antepenúltimo, com longa pesquisa, foi só um pouco antes. Ambos com direito a vídeo.

Isso sem falar de Eduardo Azeredo, governador mineiro entre 1995 e 1999, que sempre figurou com importância no quadro tucano de Minas e agora foi sumariamente apagado da memória de todos. Para se ter uma idéia, ele era presidente nacional do PSDB e teve que pedir demissão. Por quê? Porque foi
acusado pelo procurador-geral da República de lavagem de dinheiro e peculato, no chamado "mensalão tucano", que não ganhou as devidas proporções na imprensa mineira ou quaisquer outras. Mas foi devidamente coberto por este humilde blog.

Estes são só todos os governadores tucanos no poder. E todos estão envolvidos em escândalos políticos de maior ou menor gravidade.


***

Não é à toa que o PSDB chega às eleições municipais deste ano sem candidatos fortes na maioria das capitais do país. E sem candidatos, fortes ou fracos, em Belo Horizonte de Aécio, Recife de Sérgio Guerra (atual presidente nacional), Fortaleza de Tasso Jereissati e no Rio de Janeiro. E que enfrenta grave cisão em São Paulo (onde, como vimos, sempre teve força), precisando de várias tensões e estratagemas para colocar Alckmin no páreo, apesar de Kassab (DEM, mas ex-vice de Serra, e com vários tucanos em seus quadros).

Perdeu a moral.

Porque, vale lembrar, é claro que o PSDB já teve moral. Já teve grandes nomes da esquerda brasileira, filiados ao MDB, que faziam oposição real aos políticos da Arena. Querem um registro em vídeo? Procurem o DVD do Ernesto Varela, ótimo personagem de
Marcelo Tas (que hoje faz o CQC Brasil), em que ele conversa com figuras políticas importantes, durante as Diretas-Já. O PSDB foi importante nesse processo de redemocratização, assim como o PT (a diferença, nesse momento, é que o PSDB surgiu da "intelectualidade" e dos políticos, ou seja, de cima para baixo; enquanto o PT foi fundado num processo mais horizontal, com intelectuais e trabalhadores). Mas também, assim como o partido de Lula, se desmoralizou no poder. Seguiu exemplos de partidos de caciques, como o DEM e o PTB e o PP de Maluf (esses dois últimos estão entre os piores). Virou escândalo.

O PSDB ainda não é o pior partido brasileiro, mas já contabiliza 20 anos de uma história de poucos orgulhos (isso porque eu quis me ater aos atuais problemas políticos, sem enveredar por todos os escândalos do governo FHC, além de duvidosas políticas econômicas e sociais). Mas essa dança sob chuva de esgoto não vai durar muito mais, ao que todas essas crises indicam. Resta ver o que virá depois.

Por : Cristina Moreno de Castro

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Acorda Brasil

domingo, fevereiro 01, 2009

Presidente Lula disse e desenhou


“Parecia que eles eram infalíveis e nós éramos incompetentes. Está provado que Deus escreve certo por linhas tortas. A crise não é nossa. É deles. A crise não nasceu por causa do socialismo bolivariano do Hugo Chavez. Não nasceu das brigas do Evo Morales. A crise nasceu porque durante os anos 80 e 90, ao estabelecerem a lógica do consenso de Washington, eles venderam a lógica de que o Estado não prestava pra nada e que o ‘deus mercado’ ia desenvolver o país e fazer justiça social. Esse 'deus mercado' quebrou por falta de controle, por causa da especulação. (...) Espero que o FMI diga ao querido Barack Obama como tem de consertar a economia. Diga à Alemanha como tem de resolver, ao Nicolas Sarkozy, ao Sílvio Berlusconi como vão cuidar das crises que eles criaram.”
Fonte:
http://brasilmostraatuacara.blogspot.com/